segunda-feira, 27 de abril de 2009

Medina Carreira

Na sexta-feira passada, 24/Abril/2009, Medina Carreira deu uma interessante entrevista a Manuela Moura Guedes, sobre o que ele pensa ser o estado do país. E como o que ele disse mencionou, com correcção uma boa parte do que eu pretendo dizer neste blog, achei que tinha parte do meu problema resolvido... Metia o link para a entrevista e punha fim ao blog!!!

Mas não encontrei essa entrevista online, nem no site da TVI (*), nem em qualquer outro local, mas descobri no YouTube esta outra interessante entrevista do mesmo autor à mesma entrevistadora, só que em 17/10/2008 : http://www.youtube.com/watch?v=z-1fhNEyE98.

Nessa entrevista ele já dizia, mas talvez num ar um pouco menos magoado, o essencial do que aprofundou na referida e indisponível entrevista.

Mas, enquanto ela não aparece, há no YouTube muitas outras entrevistas do mesmo Medina Carreira a Mário Crespo, ao Nós por Cá, etc. que merecem um visionamento atento.

Não conheço o fiscalista de lado nenhum, excepto no que é público - não gosto de algumas das entidades que ele apoia ou apoiou, mas sempre me pareceu um sujeito competente e íntegro, o que, num país como o nosso - como se falará com mais tempo qualquer dia - é uma raridade! E que ele é íntegro e que o indigna o que não o é, e quem não é, é o que faz, na minha opinião, o mérito destes seus vários e continuados depoimentos.

Se alguma coisa é preciso neste país é de pessoas íntegras e que ainda se indignem com a falta de integridade de quem se serve da res publica apenas para os seus interesses privados. Se alguma coisa poder evitar o descalabro completo - o que eu não tenho a certeza de ainda ser possível - é nessa linha. Mas isso fica para outro dia!


(*) Nota Final: Procurei no site da TVI para ver se lá estava a referida entrevista e: 1) não estava; 2) não estava nada que não fosse lixo; 3) não vi, pelo menos nos 5mns que dediquei a isso, um endereço para onde pudesse escrever a perguntar o que pensam fazer à dita entrevista; 4) uma pesquisa no botão de pesquisas do site por "Manuela Moura Guedes" apresenta zero resultados! Mas então afinal para que é que a TVI tem um site? E pode-se ter um grupo de media e não fazer ideia de para que podem/devem servir as novas Tecnologias da Informação?
Neste país, aparentemente pode - e até ter sucesso, pelo menos medido pelas audiências...

domingo, 26 de abril de 2009

Um blog para quê? E porquê agora?

Acho que muita gente que me conhece esperaria que eu tivesse um blog há muito tempo. Mas ter um blog nunca me atraiu... E não me atrai, confesso

Por um lado nunca me senti atraído por "diários". Sempre achei mais piada a fazer, do que a escrever sobre o que teria feito, se não tivesse perdido tempo a escrever sobre isso. (É certo que sempre escrevi muito; mas isso para mim era apenas outra forma de fazer)

E a chamada blogosfera também não me atrai. Não acho piada a bisbilhotices, nem a tipos que gostam de dar nas vistas (já viste aquela coisa tão gira que eu escrevi ontem?), nem a lutas de clãs - tu agora dizes bem do que eu escrevi, que estou do teu lado, ou sou teu amigo, e eu digo bem de ti; e juntos, cada um no seu lado (blog), dizemos mal dos que dizem o contrário do que nós dizemos, os quais, bem entendido, dizem bem uns dos (blogs dos) outros.

É certo que há blogs temáticos interessantíssimos. Mas para esses, confesso, sempre tive alguma preguiça. Para trabalhar, prefiro o trabalho a blogar sobre isso...

Se algum dia tivesse um blog não seria sobre os temas em que trabalho, seria sobre matérias cívicas - sobre matérias a que há 40 anos, ou talvez mesmo há 20, teria chamado "políticas". (E que hoje lhes chame cívicas, e não políticas, significa alguma coisa, como se calcula).

Mas quando percebi que aquilo a que antes do 25/Abril se chamava "política" (do contra), se tinha convertido em "publítica" (um neologismo que junta publicidade+política) decidi que não queria mesmo fazer isso! E em nenhum quadrante - nem no próximo do poder, que dá tachos e mordomias e diz-se que corrompe - e corrompe mesmo! - nem nos mais afastados, que clamam no deserto as verdades de antes, sem perceberem, em muitos casos, que o real já mudou; e que repetir o que antes era progressista, pode hoje ser reaccionário.

Mas agora dão-se três condições novas:

- por um lado, acho que as "coisas" chegaram a um nível tal de degradação (em vários níveis e planos, que espero abordar a seu tempo, mas de que o mais óbvio é o que dá título a este blog) que têm de se manifestar (e juntar) as vozes dos que pensam que o que deveria ser a "res pública" é hoje, apenas, uma forma de constituir, alargar e gerir a "res privata" de alguns, em desfavor da maioria e, mais grave ainda, de inúmeras gerações de maiorias futuras; em suma, dos que acham que não basta fazer melhorias, ou mesmo "revoluções", é indispensável reinventar as formas da nossa vida colectiva, quer no plano nacional, "reinventar Portugal" (se é que Portugal ainda é uma nação...), quer no plano global, "reinventar o mundo". E digo "reinventar" para dizer alguma palavra que se entenda e não falar - mas agora ao nível planetário - na metanoia, de que falava Alberoni em "Genesi".

- por outro lado, começo a estar suficientemente velho para ninguém, em seu juizo perfeito, poder pensar que me quero juntar ao "poder" - não este, claro, mas um outro qualquer, possível (ou impossível), a criar; aliás, nem mesmo na altura em que pensava que era necessário "tomar o poder" me antevi, depois, a fazer parte dele;

- finalmente, ando com o meu tempo muito ocupado (neste preciso momento em que escrevo devia estar a fazer outras coisas) e isso tem algumas vantagens. Em vez de me lembrar de iniciar uma obra longa, infindável e chata; não tenho outro remédio senão ir escrevendo pequenos apontamentos, esporádicos, sobre coisas, umas importantes e outras circunstanciais que, eventualmente, venham algum dia a fazer, não direi um todo, mas um esboço já apresentável do que terá sempre de ser uma "obra aberta".

Se me leu até aqui, arranje forma de ser informado quando aqui aparecer mais alguma coisa. E será raramente...

Até lá, quem tenha ficado curioso com o nome do blog, ou com estes dois posts, pode ir procurando "puxar pela cabeça" e tentar antecipar o que aí vêm. O que também é uma boa forma de "ler"...

Andar por aí à procura do "autor" é que não deve valer muito a pena. (Mas reflectir sobre esta última frase, pode valer a pena...)

Abril sempre?

Ontem foi de novo 25 de Abril.

Parece que todos os anos há um... Consta...

E as televisões repetiram os mesmos filmes e os mesmos programas (as mesmas perguntas, as mesmas interrogações, as mesmas respostas, etc).

E encontram-se aqueles que dizem "Abril sempre!" (alguns dos quais vivem à custa de Abril, mas de "espírito de Abril", nem vê-lo; e outros são "derrotados de Abril" - mas enfim, nesta data mistura-se, como no 25/Abril, ele mesmo, o que é não miscível...

E outros repetiram "Abril nunca! (ou a variante "Abril nunca mais!")

Mas a questão a colocar parece-me mais ser esta: "Abril alguma vez?"

Admito que alguns tenham pensado ou pensem isso mesmo.

Mas, pensar o mesmo sobre isso não significa necessariamente pensar o mesmo sobre isso...

Não sei se me entendem.

Mas se não entendem, não é grave.

Gostaria de ir esclarecendo isso, se tiver tempo livre suficiente e arte que chegue.

Ah, e se não me calarem antes de chegar onde gostaria - o que não me surpreenderia nada...