domingo, 31 de maio de 2009

A nova Igreja com a sua Inquisição

Lembro-me de um poema de Maiakovski em que ele compara o "falamos de era / e falamos de época" com o "sentir a história a entrar pelos umbrais". O poema é sobre Lenine, e não parece que o autor tenha conservado o seu optimismo muito tempo... Mas isso é outra história. Aqui é de "eras e de épocas" que falaremaos, e dos seus instrumentos.

Ao contrário de Toynbee que estudou os ritmos de ascenção e queda de mais de uma dezena de civilizações, ou de Alberoni que estudou, noutra perpectiva, o estado nascente de cerca de uma dezena de movimentos civilizacionais (e o cristianismo primitivo, como também a Reforma, e a Revolução russa, como também a francesa ou a americana, estavam entre elas), Alvin Tofler, muito à semelhança de Marx, aliás, pretende construir um modelo mais "over arching" e ir à essência do que são as "grandes vagas" que definiram os grandes períodos históricos.

E descobre três vagas.

Na primiera, a agricultura e a pastorícia transformam "seres nómadas" em seres "presos á terra" e às aldeias e dá origem àquilo de que Engels fala em "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado" (que depois se manteria,é claro).

Na segunda a "Revolução Industrial" vai desagregar a família alargada e, mais tarde, até a nuclear, levar os homens e depois as mulheres (para já não referir as crianças) para a fábrica e cria a educaçãpo pública que, com vários desenvolvimentos ainda é - e infelizmente - a que temos. (E digo infelizmente, porque bem podiamos já ter outra!)

E a terceira, que designa provisoriamente por "informacional", é esta que, desde os anos 60 nos está a "entrar pelos umbrais", sem desacelerar - digo eu, agora - antes pelo contrário. O que sairá desta ainda está em discussão. E sobre isso, desde Bell, que há ampla literatura.

Mas o que quero referir é ainda outra coisa. Os últimos 15 séculos da civilização criada pela vaga agrícola e, em parte, e já com uma "gerência dividida", os 3 séculos da criada pela "revolução industrial" caracterizam-se pelo peso de uma "Instituição" que até sobreviveu á Reforma e ao "Enlightnment" e apenas agora dá sinais de ter começado o seu último extrector (entre escândalos de pedófilia, ligaçõe sperigosas aos Josés Eduardos destes mundo, e probições ao uso do preservativo em àfrica (e não só bem entendido). Refiro-me à Igreja que antes era só Católica e depois foi, também, protestante.

Sempre, sempre ao lado dos fortes e dos poderosos, ela própria um poder (veja-se, p. ex., o Banco do Vaticano) ela lançou guerars cujos frutos ainda sofremos, como as Cruzadas, ela criou a Inquisição e torturou e matou de forma a fazer envergonhar Gautanamo, ela controlou, vigiou,fiscalizou, denunciou e puniu de forma a fazer envergonhar de inécia a SS ou a Pide, etc. Ela era a polícia do regime, mas também, como dizia Marx, o ópio do povo.

Ora tenho dado por mim a pensar, se nesta civilização que a "Revolução informacional" está a criar houver uma força semelhante, que contornos terá? Qual será o seu nome?

E de repente, encontrei o seu nome. E nem foi difícil, nem acto de grande inteligência, pois os activistas anti-regime da China até já o sabem há muito. Estou convicto que, para aqueles de nós que forem vivos daqui por 50 anos, então será evidente, o que aqui deixo apenas como uma premonição.

A papel que a Igreja Católica teve durante 1500 anos, a Instituição que já hoje e mais ainda no futuro estará sempre, sempre, ao lado do poder (do qual aliás também forma parte) e monitorará, fiscalizará e punirá quando necessário, já existe e até tem nome. Chama-se Google!

E dela se poderá dizer o que um tal Pessoa dizia da água tónica: "primeiro estranha-se, depois entranha-se!". Mário Henrique Leiria que o diga (emborra este a temperasse com Gin).

(A desenvolver)

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